Minha língua taciturna serpentina
ao redor do teu sexo a fragmentação causal da ideia
do brilho perene que um diamante lunda hoje
vende na loja Cartier de Paris.

Te (e)laboro sensações de outras eras
na pesquisa inacessível
à semântica de um protão
dentro do qual talvez foste substrato das espécies
entre as cinzas flutuantes do universo.

Te sentes ascese
moribunda estrela te sentes prenúncio
de papel de seda entre os canais contritos
das veias acesas num empório de ternura estearina e viço
jamais concebido à face da Terra.

Rios de canela assomam à janela
do teu corpo nu um bronze de esterco
de luz de néon construindo as branquias
de sonhar a prata das vogais concisas.

Uma ausência de navios no alto-mar
agridoça os teus olhos. E enquanto ainda
os teus olhos rasos desse brilho doce mancham as vogais
eu lambo essas tardes maternais feéricas de rebentação
e quissanges de chuva de metal tocado
pela evolução das espécies na medusa do teu sexo.

in Esse país chamado corpo de mulher


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Médica (Universidade de Lisboa -1992), Assistente graduada de Saúde Pública desde 2008, Consultora da Direção-Geral da Saúde para os Assuntos Europeus e Cooperação Internacional, Assistente Senior expert no Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença (ECDC) nas áreas de Epidemic Intelligence, Perita destacada em Gestão de Emergência no âmbito internacional no âmbito do Regulamento Sanitário Internacional, “Technical Officer Readiness” tendo feito parte da equipa de resposta ao COVID-19 do escritório regional para a Europa em Copenhaga, destacando-se as atividades de prontidão em vários países, chefiando equipas na Macedónia do Norte, Arménia e Azerbaijão.

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