De luzes percebem os oftalmologistas. Uma consulta ao médico da vista, está visto, implica que nos botem nos olhos aquelas luzonas dos aparelhos de observação sofisticados. É um aparato, aquela maquinaria toda sobre a nossa cara. E eu sei bem como até essas máquinas têm evoluído ao longo dos tempos. Desde miúda que sou caixa-de-óculos, daquelas, que já na pré-primária confundia as linhas e os quadrados e que andava com óculos de casca de tartaruga. Para controlar a graduação das lentes de vidro, lá tinha que ir pelo menos uma vez por ano ao médico da vista, quando não calhava uma ida antecipada ao Djibla, por ter partido alguma lente…

Éramos poucos os que usávamos óculos na escola, e era sempre um desatino ter que andar com aquelas armações pesadas de então, fazer ginástica, pular e saltar. Mas o certo é que fiz isso tudo acompanhado o evoluir das máquinas de luzes dos consultórios dos médicos oftalmologistas. Até hoje já não sei mais como andar sem óculos! Ocorreu-me uma vez tentar ver se via melhor com lentes de contacto. Qual quê! Uma afronta! Quase desatinava de vez, trocando a lente esquerda com a direita, coçando os olhos naquele descontrolo do choro de “odje bormedje”.

Ná, nada como continuar a ser caixa-de-óculos, e Santa Luzia que me proteja! E ao meu grande amigo de coração, o meu oftalmologista! Por ele tenho sabido muitas histórias, coisas maravilhosas, não fosse a história dele e da Família também cheia de magia e de estórias bonitas. Por ele fiquei a saber que a santa padroeira dos cegos é Santa Luzia, sim, a mesma que dá nome a uma das nossas ilhas! Desde que sei disto que não paro de pensar que Luzia tem luz, e que a Nossa Senhora da Luz é por sua vez a padroeira de São Vicente, e isso traz conforto à minha fé. Porque a fé é uma questão de luz, de ver com tranquilidade o que nos guarda a vida e o futuro, mesmo na escuridão, a tal luzinha no fim do túnel.

E é com fé, ou seja, com luz, que vejo o que nos guarda o futuro para Cabo Verde. Sou eu e o Sr. Adriano Morais! Ainda há dias falávamos ao acaso das coisas em que acreditamos, e ele referia que acredita nisso e naquilo e ainda no ”CIDADÃO”! É verdade, o nosso estimado companheiro de escrita nestas páginas que pretendem ser de Luz, porque são feitas de fé, e que por coincidência é primo desse meu querido oftalmologista, apostava no crescimento do Cidadão e de como este tem futuro, ou seja, tem a tal luzinha, estão a ver? Eu estou, assim como estou vendo que após estas eleições à americana, temos que fazer uma peregrinação a Santa Luzia, agradecer e reforçar as preces de luz, visão e clarividência, em nome da fé que depositamos em quem foi escolhido!


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Médica (Universidade de Lisboa -1992), Assistente graduada de Saúde Pública desde 2008, Consultora da Direção-Geral da Saúde para os Assuntos Europeus e Cooperação Internacional, Assistente Senior expert no Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença (ECDC) nas áreas de Epidemic Intelligence, Perita destacada em Gestão de Emergência no âmbito internacional no âmbito do Regulamento Sanitário Internacional, “Technical Officer Readiness” tendo feito parte da equipa de resposta ao COVID-19 do escritório regional para a Europa em Copenhaga, destacando-se as atividades de prontidão em vários países, chefiando equipas na Macedónia do Norte, Arménia e Azerbaijão.

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